terça-feira, 24 de maio de 2011

Epifania ou as dores do parto, Flusser e Eu

Texto de Vilém Flusser:

Migrar é situação criativa. Mas dolorosa. Toda uma literatura trata da relação entre criatividade e sofrimento. Quem abandona a pátria (por necessidade ou decisão, e as duas duas são dificilmente separáveis)sofre. Porque mil fios o ligam à pátria, e quando estes são amputados é como se intervenção cirúrgica tenha sido operada. Quando fui expulso de Praga (ou quando tomei a decisão corajosa de fugir) vivenciei o colapso do universo. É que confundi o meu íntimo com o espaço lá fora. sofri as dores dos fios amputados. Mas depois, na Londres dos primeiros anos da guerra, com a premonição do horror dos campos, comecei a me dar conta de que tais dores não eram as de operação cirúrgica, mas de parto. Dei-me conta de que os fios cortados tinham me alimentado, e que estava sendo projetado para liberdade. Fui tomado pela vertigem da liberdade (...)

Resumo epifânico

migrar criativa dolorosa¨criatividade sofrimento¨abandona a pátria¨mil fios ligam pátria¨tomei decisão de fugir¨colapso do universo¨confundi íntimo espaço lá fora¨sofro dores dos fios amputados¨dores não de operação cirúrgica¨dores de parto¨fios cortados alimentam¨projetado para liberdade¨tomada de vertigem¨liberdade


Autoretrato em vertigem... olhando para obra de Anish Kapoor, foto por Darlan Alvarenga

terça-feira, 17 de maio de 2011

Revista Select


Interessante o pequeno circuito da arte e cultura nessa cidade... ou em qualquer outra imagino... recebi de uma ex-aluna da UNISA Anna Guirro, que sabe dos meus assuntos de interesse, um convite para o lançamento de uma revista. Me deparei com uma seleção excepcional de profissionais com os quais divido esses mesmos interesses, vários conhecidos estavam na lista de realizadores e colaboradores da revista.

Select é uma revista bastante variada, no subtítulo estão as categorias: ARTE DESIGN CULTURA CONTEMPORÂNEA E TECNOLOGIA. Muito bem editada por Paula Alzugaray com qualidade gráfica é impecável e textos com bom conteúdo. Nesse n. de lançamento, senti um peso maior na temática das artes visuiais(achei ótimo veremos nas próximas), chamaram a minha atenção os textos O Fim do Virtual de Giselle Beiguelman, sobre o turvamento inevitável das fronteiras entre real e virtual; Provoações nas Margens do Real de Nina Gazire, onde autora apresenta o trabalho de artista que lidam com os limites entre representação e invenção, entre natural e artificial; e De olhos bem abertos de Angélica de Moraes sobre o artista Olafur Eliasson.

Hoje em dia é comum conseguir uma bela forma, ideias bacanas mas com conteúdo nulo. Não terminei de ler a revista e acho que ainda vou gostar de mais coisas. Conteúdo interessante embalado numa bela forma é sempre atraente. Que venham as próximas edições!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

SP- Arte 2011


Vista parcial da Exposição de Vídeos EXTRANATUREZA

Segundo ano em que vou a SP-Arte, a feira de arte da cidade de São Paulo a maior da América Latina...

A feira foi assunto de um dos primeiros posts do blog. Esse ano já sabia mais ou menos o que esperar. Até a disposição dos estandes é quase a mesma. A novidade ficou por conta do segundo andar ocupado com grandes instalações e a mostra de vídeos EXTRANATUREZA curada por Paula Alzugaray. E lá vamos nós de novo pensar o vídeo em feira de arte. Dessa vez minha questão não é a venda, mas a apresentação. Ano passado vários estandes tinham vídeos esse ano quase nenhum, talvez por causa da mostra não sei, senti falta. A mostra em si está excelente, mas talvez sejam muitos vídeos numa só sala, num ambiente tão disperso... se isso já não funciona muito bem em exposições grandes, que dirá numa feira. Valorizo a reflexão da curadoria que questiona os limites contemporâneos entre natureza e tecnologia apresentando trabalhos de artista como: Regina Parra, Denise Agassi,Sara Ramo, Wagner Morales, Gisele Beiguelman, Kátia Maciel, Janaina Tschape entre outros. O destaque fica para videoinstalação de Alice Miceli, ao lado da sala da mostra. Fica a questão: foi melhor ganhar um espaço só para o vídeo ou isso acaba por segregar ainda mais essa forma contemporânea de arte que ainda causa tanto estranhamento?

A feira em si é divertida e interessante. Gosto por motivos que maioria dos artistas detesta. Me atrai a mistura, a falta de critério rígido, a possibilidade de ver trabalhos muito novos ou trabalhos mais antigos de artistas consagrados que nunca aparecem em exposições e tudo bem de perto. Enfim uma relação completamente outra com as obras. Do lado dos afetos estão trabalhos que adorei dos artistas: Denise Agassi (Dconcept), Regina Parra (Leme) Jaques Faing (Motor), Lucas Bambozzi (Luciana Brito), Raquel Koogan (Mônica Filgueiras), Alice Miceli (Nara Roesler).

Dia 12 ainda teve o lançamento da revista Select (arte, design, cultura contemporânea e tecnologia) lá na feira, mas isso será um outro post.

Ultimo comentário: fiquei passada em saber que uma feira comercial tem apoio de leis de incentivo cultural... e a entrada é R$ 30,00!


OLHAReencaixa de Jaques Faing na Galeria Motor



Vídeo instalação de Alice Miceli na SP-Arte 2011. Não resisti e fiz esse registro (precário), é sempre melhor ver vídeo em vídeo... a obra vale a pena.

terça-feira, 3 de maio de 2011

VII Encontro arte&meios tecnológicos


O VII Encontro arte&meios tecnológicos aborda maneiras com as quais a arte contemporânea rearticula processos históricos e de linguagem. Para tanto, investiga a produção artística brasileira baseada nos anos 1920-1990.

Parte 2 - ANOS 1920-1960 - 30 de abril
Mario Peixoto: Ana Paula Lobo
Flavio de Carvalho: Paula Garcia
Abraham Palatinik: Eduardo Salvino
Local 2: INTERMEIOS - Casa de artes e livros


Tarde de sábado, calor agradável, espaço propício, clima de reflexão bem humorada. Companheiros de grupo de pesquisa AMT apresentaram seus estudos e impressões sobre os artistas selecionados. Ana Paula e Paula escolherem obras específicas para trazer à discussão - Limite e Experiência no. 2 - Eduardo foi mais panorâmico. Artistas refletindo sobre o trabalho de outros artistas e colocando em relação seus trabalhos. Foi memorável ouvir a Paula ler a experiência de Flávio de Carvalhho em meio a procissão.

A tarde rendeu, a audiência tb foi ótima e a acolhida do Intermeios foi algo de especial. Afinal espaços de confraternização e reflexão não são muitos...