segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cinema e Arte

"A nouvelle vague legou a essa juventude a vontade de fazer cinema. Ser artista, hoje, passa pelo cinema."
Fala do pesquisador de cinema e escritor Antoine de Baeque, em entrevista publicada na Folha de São Paulo, Caderno Mais desse domingo 11 de abril. A entrevista é sobre seu mais recente livro uma gigantesca bibliografia de Godard. Além de provocar a vontade de ler o livro a entrevista me chamou atenção por esta colocação de Baeque. Acredito verdadeira, pelo menos no que tenho observado no universo das artes. Produzir obras em audiovisual, em vídeo ou animação, parece ter virado uma obcessão, mesmo para artistas que originalmente não trabalham com esses suportes.
Mas vamos focar na questão do cinema em si. Muitos artistas fazem filmes, de modo tradicional ou desconstrutivo, não importa. Internacionalmente, podemos citar o trabalho de Pipilotti Rist, Miranda July, mesmo a performer Marina Abramovic realizou alguns curtas... recentemente até um famoso estilista, Tom Ford, resolveu se aventurar a fazer cinema. No Brasil chama atenção o trabalho de Kiko Goifman, Sandra Kogut, Cao Guimarães e agora recentemente do diretor do autor e teatro Felipe Hirsch.
Ok, citei muitos que já trabalham com vídeo e audiovisual e artistas de todas áreas usando cinema para compor suas obras não é novidade. Desde o surgimento do meio, artistas já exploram a sua potencialidade. Vide o trabalho sensacional dos surrealistas, ou os filmes de Andy Warhol (em exposição em SP). No entanto, o que faz pensar essa questão é o sentido de fascínio que o cinema exerce sobre os os artistas. Existe ainda um certo fetiche no ato de produzir um longa metragem para ser exibido na sala escura. Mesmo depois de ter sua morte declarada por Peter Greenaway, o filme, seja em película ou digital, continua atraindo realizadores de diversos setores.
Talvez Godard e seus companheiros de nouvelle vague tenham intensificado essa relação esmiuçando as relações do cinema com a arte e com a vida. A arte contemporânea abarca diferentes meios e hoje o artista não é mais, um realizador de formato só. Mesmo assim continua latente a questão da razão desse fascínio. Ainda existe "aura" no cinema? Para o realizador ou para o espectador?

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