Imagem de Ttéia (1977 - 2000)
Não vou negar, a despeito do interesse pelos filmes e registros de performance de Lygia, fui para ver Ttéia e me deslumbrei. A obra que tem dimensão de catedral e uma plasticidade efêmera e rígida ao mesmo tempo encanta a todos que passam pelo espaço... observei as pessoas saindo do elevador e ficando admiradas. A obra que que faz parte das pesquisas da artista sobre o espaço urbano que se configura em seus espaços imantados, promove uma abstração do espaço poético onde cada espectador faz suas conjunturas. Segundo a própria artista a obra se configura como “uma rede onde as aranhas tecem planos de vida ou morte”.
Lygia se interessou pelo cinema... e por fazer filmes; suas proposições eram completamente livres de qualquer categorização e formatação de linguagem, na sala de projeção pode-se ver cinco de seus filmes, com temas como vampiros, carnaval, religião e transcendência, alguns beiram o bizarro. O melhor de todos, acaba merecendo uma sala a parte e ganha status de instalação: Eat me (1976). Nesse filme tudo o que se vê é uma boca masculina em plano fechadíssimo, comendo, regurgitando, mastigando, chupando, baforando... de tudo... é libidinoso, voraz e engraçado...
Trecho do filme Eat me (1976)
Os filmes de registro de performance são simples e diretos, secos com foco na performance apresentada. Uma pena que a apresentação dos filmes seja feita em vídeo em monitores de TV. De qualquer forma destaque para o delicadíssimo filme de Ovo (1968). Destoando um pouco dos filmes há a projeção do vídeo de registro também feito em vídeo da obra Divisor (1968) revivida na 29a. Bienal de São Paulo.
Imagem de O Ovo (1968)
Dentre poemas, documentos e textos apresentados, um me chamou a atenção em particular. Um texto escrito a mão, a lápis, onde a artista, citando Mallarmé, discorre sobre o potencial do cinema como arte e finaliza da seguinte forma:
" ...o copião será sempre a melhor obra, porque é obra aberta!"
http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/default.aspx?c=exposicoes&idexp=612&mn=100
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