domingo, 25 de março de 2012

Lygia Pape: arte e filmes

Imagem de Ttéia (1977 - 2000)

A Exposição Lygia Pape - Espaço Imantado oferece uma panorâmica sobre a produção da artista. desde seus trabalhos em papel, passando por filmes, performances e documentos e finalizando-se - na verdade é o que inicia a exposição - com  esplendorosa instalação Ttéia...

Não vou negar, a despeito do interesse pelos filmes e registros de performance de Lygia, fui para ver Ttéia e me deslumbrei. A obra que tem dimensão de catedral e uma plasticidade efêmera e rígida ao mesmo tempo encanta a todos que passam pelo espaço... observei as pessoas saindo do elevador e  ficando admiradas. A obra que que faz parte das pesquisas da artista sobre o espaço urbano que se configura em seus espaços imantados, promove  uma abstração do espaço poético onde cada espectador faz suas conjunturas. Segundo a própria artista a obra se configura como “uma rede onde as aranhas tecem planos de vida ou morte”.

Lygia  se interessou pelo cinema... e por fazer filmes; suas proposições eram completamente livres de qualquer categorização e formatação de linguagem, na sala de projeção pode-se ver  cinco de seus filmes, com temas como vampiros, carnaval, religião e transcendência, alguns  beiram o bizarro. O melhor de todos, acaba merecendo uma sala  a parte e ganha status de instalação: Eat me (1976). Nesse filme tudo o que se vê é uma boca masculina em plano fechadíssimo, comendo, regurgitando, mastigando, chupando, baforando... de tudo... é libidinoso, voraz e engraçado...


Trecho do filme Eat me (1976)

Os filmes de registro  de performance são simples e diretos, secos com foco na performance apresentada. Uma pena que a apresentação dos filmes seja feita em vídeo em  monitores de TV. De qualquer forma   destaque para o delicadíssimo filme de Ovo (1968). Destoando um pouco dos filmes há a projeção do vídeo de registro também feito em vídeo da obra Divisor (1968) revivida na  29a. Bienal de São Paulo.

Imagem de O Ovo (1968)

Dentre poemas, documentos e textos apresentados, um me chamou a atenção em particular. Um texto escrito a mão, a lápis, onde a artista,  citando Mallarmé, discorre sobre o potencial do cinema como arte e finaliza da seguinte forma:

" ...o copião será sempre a melhor obra, porque é obra aberta!"


http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/default.aspx?c=exposicoes&idexp=612&mn=100

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