segunda-feira, 31 de maio de 2010

Apropriação e Montagem

Procedimentos iniciados durante o modernismo com as colagens e fotomontagens, levados ao extremo com os ready mades, e que se tornaram correntes na arte contemporânea. Impossível pensar em arte com meios audiovisuais sem esbarrar nesses modos de agir e produzir artisticamente e sem levantar polêmica; principalmente numa situação atual onde questões de direitos autorais estão tão evidência. Como, por exemplo, não questionar a postura do MAM – SP frente ao trabalho de Alexandre Vogler? Só para citar uma discussão bastante recente. Mas minha intenção não é entrar em questões conceituais/político/financeiras. Mas sim abordar muito brevemente o mote do procedimento.
Tentando refletir sobre essas questões, me propus um exercício em vídeo. Usei imagens do show da cantora Cat Power. O show foi gratuito (na Virada Paulista em Jundiaí) e era proibido fotografar e/ou gravar. Obviamente, em tempos de celulares com câmeras poderosas e público desinibido, isso é algo impossível de controlar. A proposta era exatamente captar imagens que não fossem do espetáculo em si, mas sim imagens do público interagindo e registrando o evento. Essa captação resultou em imagens interessantes, por conta da baixa luminosidade as imagens geraram um rastro e uma temporalidade (aqui outra questão que me é cara) outra, que não a do tempo real em que o registro acontecia, o som tb. ficou distorcido. O efeito resultou no registro de um tempo irreal, de um lugar para onde ninguém olha, de uma ação para a qual ninguém presta atenção. Não existe a imagem da artista apenas a sonoridade do seu trabalho. Finalizei o vídeo sobrepondo o registro sonoro do CD. Colando sobre o registro ao vivo, irregular e imprevisível um registro anterior finalizado e bem acabado. O resultado final acaba sendo uma produção ruidosa e um tanto sarcástica.

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